Atenas: A Educação do Homem Antigo

Em Atenas, o número de escravos era extremamente alto e, desta forma, o trabalho era visto com desprezo por parte dos nobres.

A educação para os cidadãos era a preparação física (porque, assim como em Esparta, a educação militar em Atenas era tida como essencial, embora não tão brutal como naquela cidade) e a compreensão dos deveres de cidadão.

Os nobres, por não trabalharem, têm o ócio como ocupação. A teoria começa a ter valor e, com ela surge a Música, ou seja, a filosofia, arte e literatura.

Desta forma, percebe-se a necessidade de haver uma instituição para educar os filhos dos nobres, uma vez que a tradição oral e a imitação dos adultos não bastavam. Isso aconteceu por volta de 600 a.C., fazendo com que as “letras” fizessem parte da educação dos nobres. Entretanto, o ensino militar não foi deixado de lado.

Nesta época, a educação era livre e o Estado não intervinha (somente regulamentava o tipo de educação que a criança deveria receber no seio da família e nas escolas) até que o ateniense fizesse 18 anos, ou seja, antes dessa idade o ensino era particular e depois ele assumia o cargo – ensino superior das artes militares e das funções do governo.

No entanto, só era permitida a entrada nos ginásios aqueles que frequentavam as escolas particulares, ou seja, somente filhos de famílias nobres pudessem estudar.

A partir do século V a.C., o comércio marítimo e o desenvolvimento do comércio começam a crescer em Atenas, levando a classe de comerciantes enriquecer e surgindo assim os “novos ricos”. E, para estes, a educação oferecida não era adequada, uma vez que o ideal dominante era dos latifundiários. Os sofistas, então se aproveitaram e lançaram no mercado o seu trabalho intelectual: se indepentizaram da religião e lançaram a curiosidade enciclopédica para orientar as ciências nascentes, questionar e abrir novos caminhos.

A finalidade da educação era “dar conselhos em assuntos domésticos, para que os jovens arranjem as suas casas do melhor modo possível, da mesma forma que capacitá-los em assuntos políticos, para serem capazes de dominar os negócios da cidade”.

Com o surgimento de novas classes sociais e uma demanda maior de frequentadores das escolas, passou-se a exigir “uma escola mais humana e menos rígida”.

“A ‘velha educação’ impunha às crianças uma disciplina militar. Na sua ida à escola do gramático ou do citarista, as crianças eram acompanhadas por um escravo – pedagogo – até um lugar em que se reuniam todas as crianças do mesmo bairro. Formavam, então, uma coluna, e marchavam em ordem para a escola, com passos rítmicos e olhos baixos. Mas, as crianças de agora, que Aristófanes criticava, já não iam em formação; ao contrário, separadas e alegres, encaminhavam-se para a escola olhando tranquilamente tudo o que encontravam”.

As classes dominantes não gostavam de todas essas mudanças, pois as ameaçavam. Desta maneira, passaram a perseguir aqueles que se opunham a suas ideias ou concepções, como: Anaxágoras, Diágoras, Protágoras e Sócrates. E o Estado viu a necessidade de controlar a educação, observando aquilo que era ensinado e os métodos utilizados.

 

FONTE: PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. 21 ed., São Paulo: Cortez, 2005, p.43-60.