Comunicação

A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem social. Ela não existe por si mesma, como algo separado da vida da sociedade, ou seja, sociedade e comunicação são uma coisa só. A comunicação serve para que as pessoas se relacionem entre si, transformando-se mutuamente e também a realidade que as rodeia.

Constitui a comunicação: palavras, gestos, objetos e movimentos do corpo como meio para trocar suas percepções e intenções; mas também é elemento dela a mensagem, ou seja, aquilo que o indivíduo deseja compartilhar.

A atribuição de significados a determinados signos é precisamente a base da comunicação em geral e da linguagem em particular. Em posse de repertórios de signos, e de regras para combiná-los, como a gramática, o homem criou a linguagem.

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Imagem retirada de: http://educacao.umcomo.com.br/articulo/como-aprender-a-falar-ingles-em-casa-12875.html

A primeira forma organizada de comunicação humana foi a linguagem oral, acompanhada ou não pela linguagem gestual. Este tipo de linguagem, entretanto, sofre algumas limitações, como a falta de permanência e a falta de alcance. Então, para fixar seus signos e poder transmiti-los à distância, o ser humano utilizou primeiro o desenho e mais tarde a linguagem escrita.
Um grau maior de liberdade foi alcançado quando os homens perceberam que as palavras  compunham-se por unidades menores de som (fonemas), e que, por conseguinte, os signos podiam representar estas unidades de som e não mais objetos ou ideias. O fato de os signos gráficos passarem a representar unidades de som menores que as palavras deu nascimento ao conceito de letras. O que faltava para conquistar a distância era um meio de transportar signos de modo mais prático do que as pedras e os pergaminhos de couro; os chineses, então, inventaram o papel e alguns tipos de imprensa móvel.

As línguas não são estáticas e se modificam com o tempo. Toda a sobrevivência de uma língua depende de variados fatores históricos, geográficos, culturais.

A comunicação ocorre ao mesmo tempo em vários níveis – consciente, subconsciente, inconsciente –, como parte orgânica do dinâmico processo da própria vida.

Paralelamente à evolução da linguagem, desenvolveram-se os meios de comunicação. A comunicação é muito mais que os meios de comunicação social, entretanto, estes desempenham funções importantes na vida das pessoas.

O impacto desses meios sobre as ideias, as emoções, o comportamento econômico e político das pessoas, cresceu tanto que se converteu em fator fundamental de poder e de domínio em todos os campos da atividade humana. Assim, os meios de comunicação também são usados como parte do processo educativo formal e não formal.

Se tudo na vida pode ser decodificado como signo – o penteado, a maneira de andar e de sentar-se, o bairro em que se mora –, então a própria cultura de uma sociedade pode ser considerada como um vasto sistema de códigos de comunicação. Estes códigos indicam os papéis apropriados e oportunos, o que é tabu e o que é sagrado. O fato de que cada cultura tenha seus próprios códigos de comunicação torna bastante difícil a comunicação entre culturas diferentes; isso porque a cultura funciona pela comunicação e cada uma cria seus próprios signos e lhes atribui seus próprios significados – seria impossível para uma pessoa viver no seio de uma cultura sem aprender a usar seus códigos de comunicação.

A pessoa que comunica em geral necessita dar a seus interlocutores uma ideia sobre como ela deseja que sua mensagem seja decodificada e interpretada (metacomunicação); assim, as conversas são compostas por uma parte que é o que queremos dizer e por outra que é uma indicação de como queremos ser entendidos.

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A comunicação seria impossível sem a significação, isto é, a produção social de sentido. Percebemos, portanto que há objetos que foram especificamente criados para fazer pensar em outros objetos, como por exemplo, os símbolos, que são objetos físicos a que se dá significação moral fundada em relação natural. Outro exemplo: os sinais, que são indícios que possibilitam conhecer, reconhecer, adivinhar ou prever alguma coisa.

Um melhor conhecimento da comunicação pode contribuir para que muitas pessoas adotem uma posição mais crítica e exigente em relação ao que deveria ser a comunicação na sua sociedade. É por esta razão que se pode dizer que existem diferenças entre a linguagem empregada pelas classes sociais mais elevadas e a utilizada pelas classes subalternas; o que é explicado pelo fato de nossa sociedade ser basicamente competitiva e a habilidade de comunicação ser um recurso valorizado. É natural que pessoas que não conseguem manejar proposições complexas e noções abrangentes, que não articulam suas intenções claramente, fundamentando-as com argumentos bem formulados e estruturados, se encontrem em completa desvantagem ante pessoas com amplo vocabulário, perspectiva flexível e domínio seguro do pensamento abstrato. Desta forma, a linguagem que serve como instrumento integrador dentro de um mesmo grupo social, pode servir também como diferenciador entre grupos que falam diferentes línguas ou a mesma língua de uma maneira elaborada ou restrita.

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Imagem retirada de http://www.escolalanguage.com.br/por-que-estudar-idiomas-e-fundamental/

Ao servir como auxiliar do pensamento e da consciência, a linguagem pode ser ainda instrumento da manipulação das pessoas. As diversas formas de manipulação da linguagem parecem indicar que existem duas realidades bastante diferentes: a realidade objetiva e a realidade reconstruída pelo discurso da comunicação.

 

Fonte:

DÍAZ BORDENAVE, Juan E. O que é comunicação. São Paulo: Brasiliense, 2007.